segunda-feira, 22 de junho de 2009

Ry Cooder - Chávez Ravine

Bop Till You Drop, de 1979 e Borderline, de 1980, foram os discos que proporcionaram o meu primeiro contacto com a música de Cooder. Voltaria a encontrá-lo na banda sonora de Paris, Texas, de Wim Wenders. Mais tarde, quase a acabar o século XX, dei de caras com ele no fabuloso trabalho de reencontro de grandes músicos cubanos que ficarão para sempre na Histótia como Buena Vista Social Club. Pelo meio ainda o pude apreciar junto ao maliano Ali Farka Touré no álbum Talking Timbuktu e ao flautista indiano Ronu Majumdar e ao trompetista norte-americano Jon Hassel no projecto Hollow Bamboo.
Para além da música alicerçada nos ritmos latino-americanos, Cooder relata episódios verídicos dum excerto vergonhoso, mais um, da história americana. Uma comunidade de origem mexicana instalada num território californiano antes pertencente ao México, vê-se confrontada com a especulação imobiliária suja, já que dista muito pouco da grande urbe, Los Angeles. Acabaria a negociata no despejo de todas as famílias, acusadas torpemente de gente bandida e na construção dum imenso estádio de basebol dos Los Angeles Dodgers.
Os moradores sobreviventes de Chávez Ravine e as suas famílias formaram um grupo a que deram o nome de Los Desterrados e reunem-se todos os anos no Parque Elysian, jardim onde brincaram nos velhos tempos e com o estádio dos Dodgers ao fundo, fazem um grande piquenique e recordam histórias de uma comunidade que vivia em paz e harmonia e que acabou, depois de arrasada pelas máquinas e pelo poderio político-financeiro, dispersa e sob o jugo do preconceito.
Uma obra magistral e marco na carreira de um dos mais interessantes e lúcidos músicos americanos!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Marsya - Visoko Drvo

Este quinteto sérvio, formado em 1999, lançou este cd em 2003.
Não me lembro bem quando e como me enfrentei com este grupo e a sua música. Estou convencido que veio por arrasto quando procurava por música dos territórios Balcãs.
Sonoridades puras, sujas pelas influências particulares de cada um dos intérpretes. Não é fácil esconder as escolas jazzísticas que impregnam de forma subtil os vários instrumentos tocados.
Trata-se de música medieval transposta para a contemporaneidade. Misturam-se canções de outrora com alguns temas originais que não fogem à linha estilística traçada.
Peças curtas, sons tradicionais com fugas à modernidade, virtuosismo moderado e um disco para se ir absorvendo em pequenos quinze tragos.

Marsya