quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Lo'Jo - Bazar Savant

Deste grupo sediado em França fazem parte europeus e africanos, o que, à partida, já dá para adivinhar com o que os nossos ouvidos se podem aprestar para acolher.
Quem diria que já deambulam pela cena musical há quase três décadas e que só há bem pouco lograram visibilidade notória?
Conheci-os em 2006, ano de lançamento deste disco, e fiquei seduzido desde logo pelo som e pela imagem que apresentam em palco. Denis Péan é o mestre de cerimónias e a sua desconcertante presença vocal e estética não pode deixar ninguém indiferente.
Uma ligação do Sul da Europa ao Norte de África, é a ponte que eles constroem e que nos convidam a atravessar.
Uma descoberta tardia mas em tempo. Nunca é tarde para dar de ouvidos com surpresas boas!

Bazar Savant

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Sara Tavares - Balancê

Este é um caso de êxito que confirma a excepção numa regra: a regular mediocridade dos concursos caça-talentos!?!? Sou um feroz inimigo e cáustico crítico dessa forma perversa de atracção de gente jovem, por vezes com alguma aptidão natural, e do seu aproveitamento torpe em busca de audiências. Diga-se, em louvor da verdade, que a "Chuva de Estrelas" que Sara venceu, era uma donzela quase pura em comparação com o devasso proxeneta que dá pelo nome de "Ídolos". Mas adiante...
Sara teve o grande mérito de tirar proveito duma pequena aventura que procurou e venceu, e alicerçando-se na sua voz, dom ingénito, foi, paulatinamente, construindo um objectivo bem firme. Não deverá a isso ser alheio o apoio e o aconselhamento que sabiamente lhe prestaram. E foi aprendendo, estudando, ouvindo, aperfeiçoando, que chegou a este estádio já bem evoluído, com promessa latente para próximos mais altos voos.
Portuguesa? Cabo-verdiana? Ambas e com orgulho nas duas condições, suponho.
Por este disco passa a negritude musical e até o fado, passa a maturidade daquela miúda de olhos grandes e bons que nos encantou quando ainda tinha 16 anos. Agora, não é só uma voz. Ela canta, compõe, toca vários instrumentos, produz e sabe estar no palco. Ainda relativamente às regras que refiro no meu preâmbulo mordaz, esta garota foi e é uma excepção!

Balancê

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Kepa Junquera - Hiri

Vamos então dizer deste músico/compositor, executante de trikitixa, pequeno acordeão diatónico basco e fazer um pequeno intróito à obra em título. Trata-se de um enfoque de lembranças retidas na memória do autor e recolhidas em diversas cidades do mundo. Logo, não será de estranhar que o disco esteja enfeitado com adornos de díspares origens, sendo todos os temas designados pelo nome da urbe glosada. É, no entanto, preponderante, para além da trikitixa, a sonoridade das txalapartas, instrumento de madeira, deslumbrante, que proporciona recreio invulgar a quem o toca e a quem o ouve. A txalaparta é uma peça ancestral que quase sofreu a extinção mas que em boa hora foi recuperada e viu a sua construção melhorada.
Kepa, ademais ser exímio instrumentista, é um afável comunicador que tem vindo a aprimorar o seu trabalho.
Estamos diante de uma festiva celebração musical, para a qual foram convidadas inúmeras ilustres personalidades, sendo nós aqueles que usufruimos do maior privilégio que é o de os escutarmos.

Hiri