sexta-feira, 26 de novembro de 2010

The Blind Boys of Alabama - Spirit of the Century

Estes rapazes invisuais começaram a cantar gospel nos fins dos anos 30 do século passado e conseguiram chegar até aos nossos dias, mau grado terem ido perdendo os seus fundadores durante a sua caminhada. No entanto, foi apenas neste século que viram o mundo a tomar conhecimento do seu já longo trabalho. Para isso terão contribuído em muito, algumas ligações que encetaram com algumas personalidades notórias do pop-rock-blues, das quais cito Ben Harper, Bonnie Raitt, Lou Reed e John Hammond.
Este disco contém tradicionais e versões de trechos de Tom Waits, Ben Harper e até dos Rolling Stones. É festa e devoção, com um encanto muito especial, dado por quem utiliza a velhice como um dom.

Blind Boys

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Vinicio Capossela - Ovunque Proteggi

O universo de Vinicio Capossela é tão vasto que não se confina à sua música. Expande-se pela literatura, pelo teatro, pelo cinema, pela rádio e televisão, evidenciando a sua avidez pela criação de formas diferentes de expressão. Não é fácil classificar o seu trabalho, pela multiplicidade de influências e pela prodigiosa mistura de fontes musicais.
É um devoto de Tom Waits e não foi por acaso que convidou o guitarrista Marc Ribot para com ele trabalhar.
A panóplia de instrumentos que usa e faz usar, poderá dar uma ideia daquilo que se apresenta diante de nós. Ou pode ainda provocar maior embaraço. Para citar apenas alguns: harmónio indiano, marimba, chocalhos de Tonara, órgão de garrafas (tem mais deste género), teremim (um dos primeiros instrumentos electrónicos), balafon, shofar (arcaico instrumento de sopro judeu), banjo, dobro, sousafone (um gigante idealizado pelo luso-americano John Philip Sousa, o homem das marchas), har hu (violino), sheng (órgão de boca), xun (flauta cerâmica), os três últimos de origem chinesa, vários teclados electrónicos e muitos, muitos outros menos exóticos, divididos por cordas, sopros e percussões.
Foi então, mais ou menos, isto que perdi, quando Vinicio passou pelo Teatro Aveirense e quando esta sala ainda era um viveiro de boa música...

Ovunque Proteggi

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Gonzales - Solo Piano


Depois de fechado um capítulo, é hora de abertura de um novo. Saldei todas as contas musicais que deixara para trás e vou voltar a memórias mais recentes e divulgar discos que entendo serem importantes para quem queira actualizar os seus conhecimentos ou quem decida começar a abrir janelas a outros ventos.
Gonzales, de seu nome Jason Charles Beck, nasceu no Canadá e aproveitou o facto do seu irmão mais velho estudar piano, para iniciar o seu auto-estudo do instrumento, isto quando tinha três anos de idade. Mais tarde fez formação clássica mas foi na música pop que iniciou carreira.
Músico de excessos e sem preconceitos estéticos ou barreiras de expressão, tem percorrido várias áreas de composição, interpretação ou produção. Andou pelo hip-hop, fez entretenimento em bares, acompanhou filmes mudos, executou trabalhos para os Daft Punk, David Bowie, Jane Birkin, Charles Aznavour, citando apenas alguns, e como poderão atestar, oriundos das áreas mais díspares. Encontrei-o também no excelente Multiply de Jamie Lidell e perdi-o quando visitou Aveiro. Troquei-o por um soporífero musical do Cirque du Soleil e mil vezes me arrependo, acabando por perder também o músico que aqui trarei logo a seguir.
Este é o trabalho de Gonzales mais simples, minimalista e muito bonito, diferente de tudo o que fez durante a sua extensa obra.
Foi este o espectáculo que me escapou.

Piano Solo