quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Mitya Kuznetsov - The Book of Dove

Para ser sincero, disponho de parca informação sobre o músico e sua obra. Bastou-me, no entanto, uma sumária audição para rapidamente me encantar com este disco. Digamos que houve uma sinceridade transmitida que não me deixou indiferente.
O disco acolhe música tradicional russa, ao que me apercebi de origens bem remotas, submetidas a novas roupagens e a novos processos de execução ou arranjo.
O músico compraz-se e oferece-nos o seu edifício construído com instrumentos tradicionais que vão das cordas à percussão, passando por flautas e gaitas, evitando as teclas, normalmente aplicadas a estes estilos e que as tornam, muitas vezes, enfadonhas.
Soa a quê? Difícil explicar, daí que é melhor ouvir. 
Há uma certa cultura new age abrangendo melodias ancestrais e a que se juntam influências declaradas de África, da América e da música celta.
Mitya canta e toca todos os instrumentos, recebendo a colaboração de duas senhoras, no canto, no hurdy-gurdy e no violoncelo.


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Tcheka - Nu Monda

Tcheka é duma simplicidade desarmante, o anti-ídolo. o músico no seu canto, empenhado no essencial, transmitir as suas palavras crioulas e os sons que da ilha de Santiago consigo transporta. Foi essa a imagem que dele guardei. Um menino grande, quase envergonhado, que se solta para espraiar toda a musicalidade de que está imbuído.
Para quem associa a música cabo-verdiana apenas às mornas e às coladeras, este disco é fundamental para acrescentar os funanás e os batuques. O mar dividiu o arquipélago e as populações das ilhas tomaram diferentes rumos culturais que lhes chegaram por avito legado.
No primeiro contacto com a sua música, descortinei algumas semelhanças com o guitarrista de origem nigeriana Keziah Jones (Olufemi Sanyaolu), na forma percutida imitando o chamado slapping que é utilizado nas guitarras-baixo.
Muitas das suas composições vão da dolência ao frenesim, vogando ritmos, com a sua voz terna e rouca, deslizando por falsetes, sempre dominante.
Já conhecia este álbum quando assisti ao concerto promocional daquele que viria a seguir, Longi, disco produzido por Lenine e gravado no Brasil, onde são notórias as influências dessas opções. Ouçam os dois. Só saem a ganhar.

Nu Monda