quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Radicanto - Lettere Migranti


Os Radicanto falam-nos de migrações através de composições de raiz com o aproveitamento de cartas de emigrantes italianos e respostas de amigos e familiares.
São passados trazidos para o futuro, para não deixar morrer a lembrança dos que fugiram à fome e à miséria, deixando tudo para trás, família e terra.
Tal como nós, portugueses, os italianos partiram para a América e para África em busca de vidas melhores.
São cartas de sofrimento, de saudade e, muitas vezes, de despedida. São pequenos trechos que os Radicanto musicaram em homenagem àqueles que foram em viagem para o desconhecido, num tremendo misto de esperança e temor.
A sonoridade que envolve todo o disco vem das correntes mediterrânicas, sempre ricas e cálidas, onde o bandolim das tarantelas encontra o bouzouki das rebetika (tradicionais gregos).
Mas apesar de ser uma obra evocativa desses tempos difíceis, não é de longe, nem de perto, um álbum triste. Ouçam e confirmem.

Radicanto

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Lhasa - La Llorona

Reposição de post que estava escondido sem disso me ter apercebido. No passado dia 1 de Janeiro já fez dois anos que partiu, para nossa eterna saudade... 


Nunca se falou tanto de Lhasa como agora, a capital do Tibete. Foi nela que os pais desta se inspiraram para a apelidar. Nascida em Big Indian, estado de Nova Iorque, com ascendência mexicana, panamiana, polaca, francesa e espanhola pela parte do pai, libanesa, escocesa e judia russa pela parte da mãe!!! Nómadas por opção, viajando pelos Estados Unidos e México, pais e três filhas foram vivendo sobre rodas, uma vida que muitos sonham para um relativo tempo, mas que poucos assumem com intrepidez para padrão existencial. Lhasa de Sela escolheu o Canadá para iniciar a sua carreira musical. Depois juntou-se às suas irmãs, em França, para se devotar às artes circenses. Em 2001 encontrei num jornal uma referência bem elogiosa ao seu primeiro álbum a solo, este que ora vos deixo. Sem sequer o ouvir, arrisquei a encomenda. O instinto não me ludibriou. La Llorona mistura tradicionais sul-americanos com originais bebidos da música mexicana. Outro dos discos que guardo na minha montra de oiro. Voz profunda, dorida, lamentosa, mas luminosa e quente. Tive o grato prazer de assistir a um concerto seu e só posso dizer que foi um dos melhores do meu currículo. Quanto à fidelidade sonora, não tenho dúvidas, o melhor! Com a ajuda agradecida de Vasco Sacramento (Sons em Trânsito) traduziu a apresentação do espectáculo para português, ajudando todo o público a embrenhar-se graciosamente no encanto das suas palavras e música. Soberbo!!!