quarta-feira, 18 de abril de 2012

Andy Palacio & The Garifuna Collective - Wátina

Mais do que um músico brilhante, Andy Palacio foi um divulgador do seu pequeno país e da sua peculiar cultura. Natural do Belize, antigas Honduras Britânicas, território encravado entre o México e a Guatemala, cantou na língua garifuna, um dialecto com misturas de francês, espanhol e doutros caribenhos. 
A sua sonoridade está prenhe de elementos das cercanias. Vislumbram-se a cada passo, sons dos países já citados, mais outros de Cuba, da Jamaica e até dos Estados Unidos. A unir todas estas combinações, está sempre, latente ou manifesta, uma doce tonalidade africana.
Foi embaixador cultural, agraciado pela Unesco e galardoado pela sua música e pela sua actuação cívica.
Esteve anunciada a sua presença no Festival de Sines, na sua edição de 2008, naquele que seria o seu primeiro concerto em Portugal e onde iria apresentar o seu último disco, este que aqui vos deixo.
Em 19 de Janeiro desse mesmo ano, viria a sucumbir a um forte avc, despedindo-se prematuramente de todos quantos amavam a sua música e o seu exemplo de vida. Tinha apenas 47 anos de idade.
Ouçam uma música diferente e façam deste meu singelo tributo uma forma maior de o homenagear.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

The Rustavi Choir - Georgian Voices

É sabido o meu particular fascínio pela voz, a solo ou em grupo. Este coral caucasiano já existe desde 1968 e foi a concretização dum projecto de Anzor Erkomaishvili, cantora e investigadora georgiana. O seu intuito era o de quebrar limites étnicos e agrupar todo o folclore tradicional das antigas tribos da Geórgia. O canto é a capella, sintetizando em nove elementos o que normalmente era cantado por grandes grupos corais. 
Estamos perante música influenciada pelas culturas europeias e asiáticas, já que o istmo as separa, mas também as une. Persas, romanos, árabes, mongóis, turcos ou russos, todos por ali passaram e de algum modo lá deixaram as suas marcas indeléveis.
A polifonia é baseada em três vozes repartidas pelos nove elementos do coro. Pontualmente surgem acompanhamentos de cordas de instrumentos tradicionais como o chonguri ou o phanduri. Apesar de arcaicos, estes cantos revelam uma modernidade insólita que despertou o interesse de Stravinsky.
A selecção de temas que compõem o álbum é da própria Anzor e do britânico Ted Levin e foram retirados da antologia 100 Georgian Folk Songs.
Os temas escolhidos incluem canções de trabalho, de festividades várias, cânticos litúrgicos e outros relacionados com o quotidiano popular.
Já com mais de vinte anos de edição, este é um disco intemporal e fundamental para a história da música popular euro-asiática.