quinta-feira, 28 de junho de 2012

Karim Baggili Quartet - Cuatro Con Cuatro


Nasceu belga e com descendência jordana e jugoslava. Diz mais a sua biografia que é um autodidacta do alaúde.
Começou nas cordas com a guitarra eléctrica, aprendeu a técnica da guitarra flamenca e quando foi às suas origens árabes encontrou o afecto por esse velho e fascinante instrumento.
A música de Karim passeia-se por pátios andaluzes, estende-se pelos áridos planaltos das arábias, serpenteia pelas cordilheiras balcânicas, envolve-se de toques ocidentais e ainda navega por alguns ritmos latinos.
Fui atraído para este disco através da audição dum clássico nele incluído e que já ouvira em diversas vozes e numa miríade de arranjos. Trata-se de La Llorona de Chavela Vargas que Joan Baez, Lila Downs e a minha eterna amada Lhasa de Sela cantaram, entre tantos outros. Foi, no entanto, nos longínquos anos 60 que escutei, pela primeira vez, esta canção deliciosa numa versão mediocremente pastiche que roçava o ridículo, interpretada por António Calvário.
A abordagem de Karim ao tema é sublime e honra bem a autora desta alegoria a uma das grandes lendas fantasmagóricas da América latina.
O álbum é predominantemente instrumental e as poucas incursões da voz, como no tema referenciado, são de extremo bom gosto. A ouvir sem moderação.

terça-feira, 5 de junho de 2012

The Dirty Dozen Brass Band - Funeral For a Friend


Vinte e sete anos vão desde a fundação da banda até à edição deste álbum e trinta e cinco até aos dias de hoje. Para trás ficaram mais de uma dezena de discos, com o último a ter saído no pretérito mês de Maio.
A DDBB poderia ser mais uma banda de rua de Nova Orleães, mas foi e vai mais longe, abrangendo diversas formas e estilos, revelando uma sonoridade ainda mais rica, consequência de tantas fontes. 
Foi nesta liberdade de procura que a DDBB edificou a sua estrutura, o que lhe valeu sobressaliente reconhecimento.
Percorrendo as faixas, da primeira à última, vamos deparar-nos com abordagens ao gospel, ao jazz, à soul, ao funk, ao R&B, sempre bem dentro do espírito da banda de rua destinada às celebrações populares. Mas, aqui e ali, outras influências podem suscitar agradável surpresa.
Aos trombones, trompetes, saxofones, sousafones (esses imponentes instrumentos idealizados por John Philip Sousa) e percussões, foram ainda adidas uma guitarra e o acordeão do sempre imprevisível David Hidalgo. 
Os Davell Crawford Singers aparecem sempre que o gospel entra na festa.
O disco é dedicado ao tubista e deles amigo Anthony "Tuba Fats" Lagen, falecido logo após a sua gravação.