Comigo a música funciona assim: ouço, gosto, reservo e mais cedo ou mais tarde, ou por lembrança, ou por associação a um qualquer estímulo, volto a querer ouvir com anseio. Passo anos sem repetir uma audição, mas a todo o momento a memória acende-se. Falei de Eliza Carthy a propósito do post anterior e o reflexo pavloviano irrompeu do nada.
Anglicana
Herdeira de um património de luxo, filha de dois lendários músicos da folk britânica, Martin Carthy e Norma Waterson, não desperdiçou o acaso e partindo desses e com esses legados, encetou uma bonita carreira, cantando e tocando violino e piano.
Este disco celebra o retorno às raízes profundas de que nunca se soltou verdadeiramente, depois de várias experiências à volta do folk-rock e de naturais processos de maturação. Um trabalho inspirado, inteligentemente elaborado e misturando em doses apuradas, a recriação própria com as virtudes da família de novo reunida. O resultado revela-se uma delícia para os sentidos visados.
Anglicana