quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Amália - Segredo

Não vou falar de Amália, pois já tanto foi, é e será dito. Apenas quero dizer que tive um privilégio raro que me proporcionou pisar o mesmo palco que a grande senhora, numa fase em que começava a exibir alguns sinais de decadência, sobretudo na sua forma de cantar. Talvez por isso e pelo tal casulo de preconceitos que a minha então tenra idade arrastava às costas, desdenhei da sua voz e recusei o seu fado! Aqui me penetencio e lhe presto a minha atrasada homenagem. O fado que abre este albúm, ouvi-o sentado, parado ao volante do meu carro, paralisado, no momento em que decorria a sua cerimónia de despedida deste mundo. Ouvi depois o Grito, difundido na própria cerimónia, o fado que era sua vontade expressa que fosse ouvido durante o seu funeral. Uma emoção atrás de outra. Voltei a ouvir    o Medo quase oito anos depois. Soberbo, o poema, crua e magistral, a sua voz! Como ela própria diria, quando ouvia Carlos Paredes nos seus célebres serões caseiros, até apetece bater-lhe...
É o medo, o dela e o nosso!

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