quarta-feira, 29 de julho de 2009

Daniel Melingo - Santa Milonga

Estamos perante um músico cinquentão, argentino de Buenos Aires, multi-instrumentista, cantor e compositor. Adolescente na época da feroz ditadura militar que teve início em 1976, teve papel relevante no panorama rock argentino, assumindo posturas seminais e provocatórias e acabando por fugir do país. Andou pela Europa e Brasil, onde integrou temporariamente a banda de Milton Nascimento. Fixou-se em Espanha, percorrendo a cena underground e dando asas à sua boémia, ao seu carácter irrequieto em permanente desassossego, sempre com uma boa dose de iconoclasmo.
De volta a Buenos Aires, já mais maduro, encena a sua transformação e começa a cantar e a dedicar-se ao tango, forma musical que os rockeiros baniam. Fá-lo, no entanto, com uma abordagem diferente, alterando códigos estéticos e líricos e juntando elementos rock.
São estes registos simultâneos, mais algumas sonoridades hispânicas e latino-americanas que poderemos escutar neste singular trabalho.
Não é à toa que haja quem lhe indique similitudes com Tom Waits ou Paulo Conte, pela característica da sua voz e pelo desconcertante espectro sonoro que emprega na sua música.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Loyko - Gypsy Times For Nunja


Este grupo foi descoberto por mim por mero acaso, quando folheava um recém-comprado livro escolar para a minha filhota Lia. Isto terá ocorrido há já um bom par de anos. Apetente por melodias oriundas destes quadrantes e seduzido pela amostra inclusa no manual, não demorei muito a partir em busca do restante.
Assim cheguei a este CD de 2001, onde a formação do grupo ainda comportava quatro elementos.
São músicos de alto gabarito, com formação clássica e especializada que se dedicam a explorar as tradições sonoras ciganas do centro da Europa, visitando o flamenco, com adornos clássicos e outros menos explícitos. Não entendo patavina de russo, mas o facto de usarem a poesia de Garcia Lorca deixou-me desde logo de apetite aguçado.
Os violinos emprestam sempre uma aura de sortilégio quando usados na música tradicional de vários países ou culturas. Aqui não fogem à regra e deixam-nos presos aos diferentes ataques que dedos hábeis lhes incutem.