sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Guinga - Suíte Leopoldina

Ora cá temos mais um ilustre quase desconhecido por estas bandas e suponho que também por terras brasileiras. Guinga, de seu nome Carlos Althier de Sousa Lemos Escobar, é um emérito compositor, brilhante instrumentista que canta menos mal. Daí recorrer a alguns amigos cantores para interpretar as suas criações. E que amigos, que cantores! Então vejamos: Chico Buarque, Ivan Lins, Nei Lopes, Lenine, Ed Motta e Alceu Valença. A abrir e a fechar o disco temos a inigualável harmónica de Toots Thielemans.
Esta Suite vai do clássico dedilhado da guitarra até aos populares chorinhos e sambas. Guinga mostra-se competente, quer no jazz, quer no baião. Metade instrumental, metade cantado, o disco evolui de forma harmoniosa e quando o canto surge, as palavras são sabiamente escolhidas, sejam dele ou de parceiros, denotando um enorme e contundente sarcasmo.
Escolhi, para vossa audição na Minha Caixinha de Música, um trecho feito a meias com Aldir Blanc, cantada por Valença, onde homenageia o mestre Hermeto Pascoal e nos enleia com a sua intrincada teia sonora.
Talvez pelo sucesso comercial não ser o melhor, ou por paixão dupla, Guinga continua a exercer a sua profissão de ortodontista, ao que parece, com relevância maior. Na música já sabemos do que é capaz.
Como diz a letra inspirada por Hermeto: Se a criação é mais, se o músico for bom...até penico dá bom som!

Suíte

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Djelimady Tounkara - Solon Kôno

Este disco foi-me oferecido há quatro anos como prenda de aniversário e confesso que não conhecia o músico e a sua obra. Sabia que o Mali era, e é, fértil em musicalidade e com uma riqueza ímpar de talentos, mas de Djelimady não tinha qualquer rasto.
Quando seleccionei o disco para publicar aqui, estava também longe de saber que Djelimady integrava o projecto AfroCubism, encontro de músicos de África e Cuba que esteve agendado para o ano de 1996 e que somente veio a ver a luz do dia em 2010.
Andou meio despercebido no seio de orquestras e grupos de apoio a figuras de primeira como Salif Keita ou Mory Kanté, só se revelando a solo a partir de 2001. A sua técnica e arte atravessam um vasto leque de origens e influências que vão da tradição mais pura até a algumas paragens não africanas. Ele é o guitarrista por excelência e para ajuda chamou alguns nomes cujos apelidos são de famílias sobejamente conhecidas. Encontramos outros Tounkara, mais Sissoko, mais Diarra, mais Kanté e Diabaté que se espraiam por vozes e instrumentos diversos.
Aconselho a escuta e incentivo a descoberta de outros elos que da sua obra se unam.

Solon Kôno