segunda-feira, 22 de setembro de 2008

José Mário Branco - Resistir é vencer

Desde que o conheço, desde "Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades" de 1971, que o guardo como uma das minhas referências no plano da concepção artística e dos arranjos que faz para a sua música e para a dos outros. A figura romântica de lutador e resistente aos ditames retro-sociais e hipócritas também me fascina de alguma maneira.
No período pré 25 de Abril de 1974, ao lado de Fausto Bordalo Dias, Sérgio Godinho e claro, José Afonso, foi um dos pilares que me suportou junto à música portuguesa, quando grande parte da juventude da época se alinhava pela música anglo-americana.
Um dos melhores discos de 2004, obra maior e imperialmente ignorada pelos media, como aliás é o hábito inditoso a que estamos destinados.
A dedicatória por ele inserida no disco é bem o retrato da sua personalidade:
- "O título RESISTIR É VENCER, lema da luta do povo de Timor-Leste durante a sua resistência de 25 anos ao exército indonésio, foi escolhido à luz da percepção, adquirida durante uma estadia nesse novo país, de que ele ultrapassa, e muito, a mera palavra de ordem política. É um lema ético que assenta bem àqueles que, sendo poetas ou criadores artísticos, travam uma luta dura, desigual e ininterrupta contra os seus próprios limites e os do mundo que os rodeia. É porque a história, o discurso e o coração dos resistentes timorenses me ensinou isto que eu lhes dedico este álbum de canções."

Resistir

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Tuxedomoon - Cabin In The Sky

Banda americana com quase 30 anos de existência, com menores e maiores hiatos e actividades paralelas dos seus componentes. Saídos da cena pós-punk e new have, sempre se propuseram navegar por vários quadrantes, da pop ao jazz de fusão, do experimentalismo electrónico às performances multi-disciplinares ao vivo.
Assisti ao concerto de lançamento deste disco e para quem como eu desconhecia o trabalho do grupo, foi uma grata e deslumbrante surpresa. Ambiência, sonoridade, luz, côr, movimento plástico em doses de inequívoca elegância e experimentação.
Diferente e absorvente!

Cabin

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Lura - Di Korpu Ku Alma

Depois das sempre curtas férias, o retorno aos trabalhos...
Uma portuguesa, nascida em Lisboa de pais de Santiago, cantando Cabo Verde sem ter lá vivido, utilizando um dialecto como se fosse a sua língua natal.
Maioritariamente repartido por Lura e Orlando Pantera nas composições e por músicos conterrâneos nos vários instrumentos, revela-se um disco luminoso, fresco e de embalo contagiante que retrata bem o país que adoptou para expressar a sua musicalidade.
Por altura do seu lançamento, tive a oportunidade de ver uma entrevista sua na televisão, ainda desconhecedor da sua arte, e fiquei inquieto na sua busca. Um pouco mais tarde, sofri um revés na sua apreciação ao vislumbrá-la de passagem num episódio dos inenarráveis "Morangos com açúcar", mas pelos vistos tratou-se apenas de um pequeno e lamentável acidente, depressa remediado...
Tal como o título diz, este é um disco feito com muita alma, em que amiúde o corpo não resiste.

Lura