quarta-feira, 11 de julho de 2012

Alfredo Marceneiro - Quadras Soltas


Como já ouvi ou li, Marceneiro não é, ou foi, um fadista qualquer, ele é o próprio Fado!
Não poderia estar mais de acordo com tal apreciação.
Tardiamente me dei conta do seu extraordinário valor, mas ao longo dos anos tenho procurado saber sempre mais do homem e da sua obra.
Este disco é uma súmula muito condensada de todo o seu percurso. São apenas nove fados reunidos e editados pela editora Ovação e apenas três deles eram fados tradicionais. A par de um Mouraria, de um Corrido e de um Vianinha, esta diminuta colectânea engloba seis fados compostos por ele e que viriam posteriormente a ser declarados também tradicionais e designados pelo seu apelido artístico, já que o de nascença foi Duarte.
A sua voz é única! Delicada, quebrada, entoada com sotaque, frágil e arrebatadora, comovente, esta voz canta belos poemas de Henrique Rêgo e Fernando Teles. Acompanham-no, entre outros, os mestres Carvalhinho e Chainho. Não era fácil fazê-lo, pois Marceneiro era imprevisível, alterando métricas, improvisando, encurtando ou alongando compassos, deixando guitarristas e violas inúmeras vezes em situações emergentes.
É mais do que justa esta minha pequena contribuição para a divulgação deste artista gigante, mas ainda desconhecido para muitos.
Atrevo-me, de quando em vez, a cantar um dos seus mais belos fados e que foi escolhido para abrir esta breve colectânea, O Pagem. Foi também a minha selecção e que incluo na Minha Caixinha de Música para vossa atenta audição.
Silêncio que se vai cantar o fado...

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