quarta-feira, 23 de março de 2011

The Shin - Many Timer

Esta banda de músicos da Geórgia radicados na Alemanha há já alguns anos, pratica uma fusão de géneros baseada numa miríade de influências. Músicos maduros, experientes e de excelente craveira técnica que partindo do folclore georgiano irrompem pelo rock progressivo, pelo jazz, pelo flamenco, pelas riquíssimas polifonias vocais caucasianas e atingem uma sonoridade assaz cativante. Tanto soam a uma gypsy band como, aqui e ali, lembram os magníficos Gentle Giant. Vão do acústico ao eléctrico, misturam sons sintetizados com dudukis e panduris e o baixista não esconde a enorme influência de Pastorius. Funcionam em trio mas recebem, aqui e noutros eventos, o contributo de vários músicos oriundos dos Estados Unidos, da Turquia e do Azerbaijão, para além de outros compatriotas.
2010 foi um bom ano para eles e o ano corrente afigura-se-lhes de grande proficuidade, estando já anunciados em múltiplos concertos e festivais pelo mundo, incluindo a presença no Rainforest World Music Festival da Malásia.
De visitas a Portugal é que ainda não há sinais.

Many Timer

quinta-feira, 10 de março de 2011

Orchestra Baobab - Spécialist In All Styles

Falar em World Music e não citar a Orchestra Baobab como um dos exemplos dos cruzamentos culturais e musicais mais relevantes, é uma lacuna imperdoável.
Banda senegalesa, fundada em 1970, é mais uma daquelas instituições que devem ser consideradas património de toda a humanidade.
Estiveram inactivos durante quinze anos e voltaram, com outra pujança, em 2001 para uma nova e exuberante vida.
Nesta amálgama de sons e culturas vislumbram-se ritmos cubanos, boleros, rumbas congolesas e outros sinais africanos. Isso deve-se, notoriamente, aos músicos que ao longo dos anos integraram a banda e que foram chegando do Togo, do Mali, de Marrocos ou da Guiné-Bissau. Ninguém se espante se ouvir umas palavras portuguesas pelo meio.
O disco tem produção doutro senegalês de excelência, Youssou N'Dour e a participação do grande e saudoso Ibrahim Ferrer.
Há muitas bandas decadentes, nomeadamente na área pop/rock, que teimam em ressurgir para saturar os nossos ouvidos, mas a Baobab voltou para nos deliciar com a magia dos sons que a sua mesclada cultura transporta.
Estiveram, imaginem, pela primeira vez em Portugal, nesta minha cidade que é Aveiro e para apresentar este mesmíssimo disco. Por essa altura, inícios de 2003, andava ainda um bocado distraído destes eventos e perdi, ao que me contam, um concerto imperdível.

Baobab

terça-feira, 1 de março de 2011

Diana Baroni Trio - Nuevos Cantares Del Perú

Descobri Diana Baroni pela mão do meu amigo Alonsii, desde Barcelona, ele que foi um dos meus suportes iniciais nesta minha faceta de bloguista. Aqui lhe deixo o meu grato reconhecimento.
Diana nasceu na Argentina e foi em Buenos Aires que iniciou a sua formação e onde encetou a sua carreira musical na música contemporânea. Vem depois para a Europa e com o fito de estudar profundamente os meandros da música antiga. É entre a Suiça e a Holanda que divide essas pesquisas, tendo integrado, posteriormente, o ilustre grupo Café Zimmermenn, aí sendo co-galardoada por interpretações de obras de Johann Sebastian Bach. É a sua fase do barroco que viria a ser fundamental na sua etapa mais próxima.
No início do século XXI começa a dar os primeiros passos na música afro-peruana. Vem para Espanha e recomeça novos ensaios e pesquisas. Este CD é fruto disso e reflecte a sua visão do encontro da música barroca e das tradições musicais hispânicas disseminadas pelas ex-colónias. À flauta barroca transversal, que fora o instrumento de base do seu percurso, junta a voz e tudo muda.
Inspiração importante foi, sem dúvida, a grande Chabuca Granda. Algumas canções suas, de entre as quais a que escolhi para amostra, podem aqui ser escutadas com as tais roupagens mistas com que Diana e o seu trio as cobrem.
Estiveram em Portugal já por duas vezes, a última das quais em Março do ano passado, no CAE da Figueira da Foz, mas não me dei conta do evento. Pena minha. Estaria lá, por certo!

Diana Baroni